Calor e acolhimento movimentam o turismo
As temperaturas elevadas no território cearense atraem visitantes durante o ano todo
Fortaleza foi o segundo destino mais buscado por viajantes em 2021, segundo levantamento realizado pela empresa de turismo ViajaNet. Mesmo com o ritmo ainda lento da vacinação contra a Covid-19 no Brasil, a cidade tradicionalmente conhecida por seu potencial turístico segue na lista dos mais procurados. Jericoacoara, localizada no Litoral Oeste do Ceará, ocupa a nona posição no ranking nacional.
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Glossário solar
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Litoral Oeste: Praias localizadas ao Oeste de Fortaleza. Geralmente, são indicadas para quem prefere destinos mais calmos e relaxantes. A Praia do Cumbuco, porém, é uma exceção conhecida por abrigar praticantes de esportes aquáticos. Os ventos constantes fazem da região um dos melhores lugares do mundo para aprender a modalidade
A pesquisa levou em consideração os dados de buscas no Google. De acordo com a companhia, a presença de cidades litorâneas em maioria no ranking aponta uma tendência de valorização do turismo doméstico, iniciada em 2020, de procura por locais que ofereçam maior contato com a natureza e que tende a continuar no pós-pandemia. Dos 11 destinos apontados na lista, oito são praianos e totalizaram mais de 35 mil buscas: Fortaleza, Recife, Rio de Janeiro, Salvador, Natal, Jericoacoara, Maceió e Porto Seguro.
Sol durante a maior parte do ano, ventos intensos e praias que agradam a todos os gostos. Estas são algumas das características que fazem da capital cearense o destino mais procurado do Nordeste. Alberto Augusto, presidente do Sindicato Estadual dos Guias de Turismo do Ceará, acredita que as temperaturas elevadas de Fortaleza influenciam positivamente na atração de turistas. “Motivos não faltam: o clima quente, porém agradável, muitos atrativos turísticos na cidade, vida noturna, variedade de artesanato e produtos de moda, gastronomia típica e diferenciada com frutos do mar, com um povo acolhedor e hospitaleiro”, comenta.
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Por sua localização próxima à Linha do Equador, as estações de Fortaleza são indefinidas e suas temperaturas são elevadas. A condição climática favorece a movimentação de turistas durante o ano inteiro, diferente de outros destinos nacionais e internacionais que costumam apresentar um ritmo turístico sazonal.
Banhistas na Beira Mar (Foto: Daiana Almeida)
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O Ceará se caracteriza pela presença de dois tipos de clima: tropical úmido e semiárido. Localizado entre 2ºS e 7ºS, o estado se encontra próximo à Linha do Equador e recebe ação direta dos ventos alísios, que intensificam o regime eólico na região. O período de chuvas ocorre entre janeiro e julho com uma pré-estação chuvosa no mês de dezembro.
“A gente até costuma brincar com os turistas que no Ceará existem quatro estações do ano: calor, verão, quentura e mormaço”, comenta Sara Jales, guia de turismo. Ela aponta ainda que a questão climática é o maior potencial do estado, que atrai turistas com os mais diversos interesses: descansar, se aventurar ou renovar o bronzeado.
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Nem mesmo o período das chuvas de verão impede a animação dos visitantes em relação ao Ceará. Thaysmênia Oliveira, guia de turismo, comenta que orienta os visitantes a aproveitarem o litoral mesmo durante os dias chuvosos. “As pessoas aproveitam de qualquer forma, independente de estar chovendo ou não. A gente tem os passeios opcionais de buggy, quadriciclo, jangada… Quando está chovendo muito, a galera acaba aproveitando somente a barraca e a praia em si. Mas quando está só chuviscando, eles fazem os passeios e isso não se torna um empecilho”, relata.
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O intenso fluxo de pessoas também impulsiona diversas cadeias produtivas de bens e serviços na economia local, tornando Fortaleza atrativa para investidores interessados na renda gerada através da movimentação turística. De acordo com dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o turismo impacta cerca de 54 setores da economia. Essa influência vai desde os segmentos tradicionais do setor, como meios de hospedagens, alimentação, transporte, lazer e artesanato até a compra de mais móveis, eletrodomésticos, veículos e roupas de cama, mesa e banho.
Além da geração de emprego, renda e novos negócios, o turismo em Fortaleza também se relaciona a melhorias na infraestrutura da cidade, como as requalificações nas praias de Iracema e do Futuro, na construção do Polo Gastronômico da Varjota e no hub aéreo de Fortaleza. Para Jair Amaral Filho, doutor em Economia e professor na Universidade Federal do Ceará, essas ações influenciam a extensão do período de estadia dos visitantes e proporciona maior retenção de recursos. “Agora a gente precisa trabalhar para alcançar o nível do fluxo de turistas que chegavam ao Ceará no momento anterior à pandemia. Essa recuperação poderá promover a expansão e consolidação de segmentos indiretamente ligados ao turismo”, aponta.
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Antes do lockdown decretado pelo governador Camilo Santana (PT) em Fortaleza, no último 5 de março, a taxa de ocupação da rede hoteleira na capital girava em torno de 45%. Segundo dados da Associação Brasileira da Indústria de Hotéis no Ceará (ABIH-CE), o número chegou a 55% em janeiro, o maior desde o início das restrições de circulação implementadas devido à pandemia de Covid-19.
O setor de turismo e hotelaria teve que se reinventar. Em meio ao cancelamento de eventos, redução no horário de funcionamento de restaurantes, bares e comércio e novos protocolos de biossegurança, os profissionais da área buscam amenizar os impactos provocados pela diminuição no número de turistas no Ceará. Na avaliação de Sara Jales, o momento atual é marcado por incertezas: “Quem trabalha no setor de turismo está preocupado com a situação, com o que vai acontecer. Claro que a gente entende que era preciso fazer o lockdown, conter essa segunda onda [...] mas para nós, que somos autônomos, realmente é difícil”.
Com o avanço da vacinação no estado, as expectativas para um segundo semestre mais seguro para os viajantes crescem em meio aos trabalhadores da área. “A negociação dos tributos, junto ao Governo e Setor de Empresarial, alivia e renova as forças do setor produtivo em geral. Fortaleza passará por mais esta paralisação e se prepara para superar esta adversidade”, pontua Alberto Augusto.